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Empresas devem aferir maturidade digital antes de adotar tecnologia

17 Junho 2024

‘Transformação Digital na Relação com os Clientes’ foi o tema de um seminário que decorreu no dia 12 de junho, numa iniciativa conjunta da CEFAMOL e do Centro de Investigação CARME do Instituto Politécnico de Leiria (IPL). O evento reuniu cerca de quatro dezenas de profissionais da indústria de moldes, focando-se em tendências, estratégias, inteligência artificial e automação de processos no relacionamento com os clientes.


Carlos Reis Marques, mentor de startups e especialista em gestão e consultoria, destacou a necessidade de as empresas avaliarem a sua maturidade digital antes de adotarem qualquer processo de transformação. Com uma carreira de mais de quatro décadas, Carlos Marques sublinhou a importância da ligação entre a academia e as organizações, de forma a garantir mudanças estruturadas e realistas. No seu entender, “a adoção de tecnologias deve responder aos desafios da transformação digital”, sendo crucial saber “quais tecnologias escolher e como utilizá-las”. Citando o MIT, afirmou que o sucesso advém da transformação das organizações para tirar proveito das tecnologias, e não apenas da implementação de soluções tecnológicas.




“As tecnologias devem ser usadas para criar valor, interagir com o mercado e gerar competências, permitindo que as empresas se posicionem estrategicamente”, salientou, enfatizando que a sua adoção depende de diversos fatores, especialmente do conhecimento das pessoas dentro das organizações. “As empresas precisam de se entender a si próprias antes de selecionar tecnologias, garantindo, desta forma, que as escolhas promovam inovação e criação de valor”, sustentou.


E é isso, precisamente, que preconiza o modelo de avaliação da maturidade digital que desenvolveu o Modimal. Explicou que este mede a maturidade digital com base em cinco áreas essenciais: liderança, tecnologia, inovação, estratégia e modelo de negócio. Salientou que o modelo traça o perfil de maturidade de uma organização e identifica as medidas necessárias a desenvolver para melhorar, podendo ser aplicado tanto a uma única empresa como a um sector de atividade. Como exemplo, apontou o trabalho realizado com o Turismo de Portugal, em 2019, no decorrer do qual foi possível detetar pontos a melhorar, após a análise, o que veio a ser conseguido, como demonstrou uma avaliação posterior ao sector.


No seu entender, antes de implementar tecnologias, é necessário avaliar a maturidade digital das empresas, o que “ajudará empresários e gestores a avançarem estrategicamente e a criar valor nas suas organizações”.


Já João Cardoso, especialista em transformação de marketing com dados e IA, afirmou que a inteligência artificial é “uma ferramenta prática para a melhoria organizacional”. Destacando ser fulcral que “as empresas acompanhem a rápida evolução tecnológica”, considerou como fundamental a adoção de uma estratégia e cultura organizacional “focadas no cliente”. “É vital ouvir os clientes tanto presencialmente como digitalmente, compreendendo a comunicação bidirecional”, destacou.



As pessoas
Num cenário de escassez de talento, a capacidade de encontrar as melhores formas de colaboração é capital para as organizações, salientou, exemplificando com o marketing: no seu entender, o primeiro sector afetado pela digitalização, onde a gestão de dados e a IA estão a transformar as práticas tradicionais.


As ferramentas digitais e a IA podem facilitar este entendimento, mas não são soluções mágicas, advertiu, considerando que devem ser vistas como “auxiliares para compreender os clientes e melhorar os processos”. No entanto, o mais importante na mudança “são as pessoas”: a sua formação e a informação que recebem. “Começar pelas pessoas, e não pelas ferramentas, é essencial para o sucesso do processo de transformação”, sublinhou.


Pedro Pereira, CEO da Incentea, destacou a importância da digitalização na relação com os clientes e o papel crucial da inteligência artificial (IA) no processo de transformação digital das empresas. A grande prioridade, destacou, deve ser “a continuidade dos negócios, alcançada através de uma visão estratégica”.


Salientando a importância dos ‘nativos digitais’ (os que já nasceram na era digital), acentuou que estes representam uma grande parte da força de trabalho atual e que trazem um valor acrescentado às empresas, através do uso eficaz da tecnologia.


Enfatizou ainda a necessidade de gerir eficazmente os dados gerados pelas organizações, um dos maiores desafios da transformação digital. “O processo de digitalização deve ser estruturado, com investimento bem direcionado para garantir retorno”, defendeu.


Contou ainda que a sua empresa realizou um estudo recente, focado na segmentação de clientes e na utilização de algoritmos para obter vantagens a partir da recolha e tratamento dos dados. A IA, explicou, “permite identificar padrões e desenvolver modelos baseados em factos, transferindo o conhecimento sobre o cliente da esfera individual para a organização”.


Reconhecendo que a capacidade de investimento é um grande desafio para muitas empresas portuguesas, considerou que esta questão tem reflexos na maturidade digital. Mas não só. Enumerou ainda outras questões que limitam o desenvolvimento das empresas a este nível, como a falta de competências internas de tecnologia ou a resistência cultural à mudança.


Este seminário inseriu-se no âmbito de um estudo que está a ser desenvolvido por uma equipa de investigadores do IPL, no âmbito do PRR, para perceber o nível de digitalização das empresas na região Centro. No final deste trabalho no terreno, será elaborado um relatório que irá apoiar a Comissão Europeia a definir políticas públicas de incentivo à digitalização nacional.