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Entrevista

Nuno Mangas (Presidente COMPETE 2030): «O sector dos moldes tem sabido ultrapassar as dificuldades e preparar-se para os novos desafios»

24 Julho 2023

Como pode caraterizar o quadro comunitário de apoio Portugal 2030, o que destacaria no que diz respeito ao apoio às empresas, e quais as principais diferenças para o Portugal 2020?

NM – O Portugal 2030 materializa o Acordo de Parceria estabelecido entre Portugal e a Comissão Europeia para a aplicação dos fundos da política de coesão para o período de programação 2021-2027. Trata-se de um instrumento determinante para prosseguir com a coesão económica, social e territorial de Portugal, nomeadamente através do reforço da competitividade e internacionalização da nossa economia e, em especial, das PME.


Em termos gerais, diria que as principais diferenças decorrem da concentração dos apoios num número delimitado de prioridades bem estabelecidas, no âmbito das quais são prosseguidos cinco objetivos estratégicos:

  • Portugal + Competitivo e Inteligente - Investindo na investigação e inovação, na digitalização, na competitividade e internacionalização das empresas, nas competências para a especialização inteligente e na transição industrial;
  • Portugal + Verde - Prosseguindo os desafios da transição climática e energética, apoiando a inovação através da descarbonização da atividade empresarial e da eficiência energética e apostando no reforço das energias renováveis.
  • Portugal + Conectado – Investindo nas infraestruturas de transportes para potenciar a mobilidade de pessoas e bens e a qualificação dos territórios, garantindo a sua atratividade, competitividade e inserção nos mercados nacional e internacional.
  • Portugal + Social - Apoiando a melhoria das competências e das qualificações no âmbito empresarial, de forma promover a adaptação de trabalhadores e das empresas à mudança.
  • Portugal + Coeso – Apoiando abordagens territoriais para responder às necessidades concretas das populações e dos territórios.


Trata-se de um contexto de maior focalização e orientação para resultados, pelo que se torna muito importante que as empresas, na preparação das suas candidaturas e opções de investimento, enquadrem claramente os seus projetos nos objetivos estabelecidos, orientando a sua ação para a obtenção dos resultados a atingir.



Como o mesmo se irá articular com os apoios previstos no âmbito do PRR? Haverá complementaridade ou existem estratégias e objetivos distintos?

O PT 2030 e o Plano de Recuperação e Resiliência são dois grandes instrumentos europeus para estimular a recuperação e o crescimento económico do nosso país, mas também para a nossa coesão económica, social e territorial com a União Europeia, pelo que é fundamental a existência de mecanismos de alinhamento estratégico e de articulação do âmbito de intervenção destes programas. Estes princípios foram assegurados na programação através de uma clara delimitação de fronteiras e de complementaridades estabelecidas ao nível de cada objetivo estratégico e específico dos programas.



Comparando com aplicação de fundos comunitários do Portugal 2020 no nosso sector, existe alguma área do PT 2030 que deva ser alvo de maior atenção e intervenção por parte das nossas empresas?

No PT 2030, mais propriamente no âmbito do COMPETE 2030, há um conjunto de áreas onde haverá uma continuidade de instrumentos, como sejam os apoios a projetos de Investigação e Desenvolvimento, de Investimento Produtivo ou de internacionalização. No entanto, é preciso ter em conta que só as PME é que são elegíveis face à atual regulamentação europeia. Esta é uma limitação que as empresas têm necessariamente de ter em conta.


Apesar desta limitação, iremos dispor de um conjunto de instrumentos de apoio a todas empresas do sector que não têm esta limitação, nomeadamente ao nível da descarbonização e eficiência energética nas empresas. Serão incentivados os projetos em copromoção entre grandes empresas e PME, num modelo que, em alguns casos, será semelhante às atuais agendas do PRR. Será ainda dada grande relevância à capacitação dos trabalhadores e da gestão, incluindo os empresários.



Numa recente entrevista, afirmou que o Programa Inovação e Transição Digital tem como prioridades promover a Competitividade e a Internacionalização das empresas. Sendo estes dois fatores-chave para a indústria de moldes, como, na sua opinião, o programa poderá apoiar as empresas nestas áreas?

O Programa Inovação e Transição Digital ou COMPETE 2030 dispõe de um conjunto vasto de instrumentos para o efeito. Destaco o apoio à incorporação de mais conhecimento na atividade das empresas, nomeadamente através de projetos de I&D, o apoio à adoção de tecnologias de produção mais avançados e à qualificação em domínios emergentes, o apoio às dinâmicas de internacionalização e penetração em mercados externos, seja através de iniciativas individuais de empresas ou de projetos conjuntos, e, não menos importante, o apoio à capacitação de todos aqueles que trabalham no sector, incluindo o apoio à ações visando a atração de jovens para a indústria.



Um dos tópicos mais destacados no último Congresso da Indústria de Moldes foi a necessidade de o sector ganhar dimensão e escala, assumindo a cooperação um papel fundamental neste processo. O Portugal 2030 irá incentivar ou majorar iniciativas promovidas em conjunto? Em que áreas?

Trata-se efetivamente de um tópico muitíssimo importante. No caso do COMPETE 2030, iremos dar um especial ênfase aos projetos em copromoção, estimulando candidaturas entre grandes empresas e PME, e entre estas e as entidades do Sistema de Investigação e Inovação, nas áreas da investigação e Inovação.



Conhecendo a indústria de moldes nacional, até que ponto a dimensão média das empresas poderá ser uma condicionante para aceder aos programas de apoio?

Mais do que a dimensão média, o que verdadeiramente pode condicionar em termos regulamentares o acesso é a dimensão de cada empresa. No atual quadro financeiro 2021-2027, há um conjunto de tipologias de intervenção cujos beneficiários apenas podem ser PME, pelo que neste caso a dimensão média não será um problema em termos de acesso. Estas empresas, em especial, as micro e as pequenas empresas do sector poderão, no entanto, ter maior dificuldade em dispor de equipas técnicas capacitadas para o desenvolvimento de candidaturas e o seu posterior acompanhamento. Esta é também uma das razões para estimularmos candidaturas em copromoção, conforme referido anteriormente.



Os últimos anos têm trazido grandes desafios para as empresas de moldes, com grandes condicionantes ao nível do mercado e das condições de negócio, como considera que o Portugal 2030 poderá ser estruturante para lançar o sector numa nova senda de crescimento?

O sector dos moldes tem sabido ao longo das últimas décadas ultrapassar as dificuldades e preparar-se para os novos desafios. Vivemos um período de profundas transformações a diferentes níveis, em que a capacidade de adaptação e de resposta é decisiva. No PT 2030, o COMPETE 2030 terá um conjunto muito relevante de instrumentos de apoio à competitividade das empresas, seja no apoio ao investimento empresarial em I&D e Inovação, seja na capacitação dos seus trabalhadores para a dupla transição digital e climática, seja, ainda, no apoio a ações coletivas desenvolvidas pelo sector dos moldes.



Um outro desafio de grande relevância na indústria de moldes prende-se com a atração, integração e gestão de talento, haverá programas de apoio e incentivos que apoiem as empresas nestas áreas?

Conforme já referi, haverá medidas de apoio específicas neste domínio. Há um conjunto de ações relevantes desenvolvidas ao longo dos últimos anos neste domínio, sendo muito importante dar-lhe continuidade.



Qual o papel que a CEFAMOL poderá desempenhar neste novo ciclo e como poderá apoiar as empresas a reforçar a sua intervenção, conhecimento e aproveitamento dos programas integrados no Portugal 2030?

A CEFAMOL desempenhará seguramente um papel muito relevante no apoio às empresas do sector a vários níveis. Desde logo na informação sobre as medidas de apoio disponíveis e a sua adequação à realidade concreta de cada empresa. Poderá também ter um papel muito relevante no aconselhamento e estímulo de parcerias entre empresas e outras instituições ligadas ao sector. Por fim, pode dinamizar um conjunto de ações nas áreas da qualificação e internacionalização das empresas e trabalhadores do sector.