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É preciso preparar as empresas antes de avançar com a criação de um produto próprio

13 Abril 2023

Com conhecimento, tecnologia e metodologias de vanguarda, que colocam ao serviço dos seus clientes, os fabricantes de moldes começam a olhar com maior atenção para a possibilidade de criar os seus próprios produtos, procurando, com isso, elevar a cadeia de valor. Mas, advertem empresas que já o fazem, para que esse passo tenha sucesso, é necessário preparar toda a organização. Para além da capacidade de fabrico, é fundamental pensar também na estrutura envolvente e nos requisitos necessários a uma mudança desse tipo, como a logística e a colocação do produto no mercado.


A aposta na criação de produtos próprios requer, por parte das empresas, de uma nova lógica organizacional, de forma a preparar a estrutura para esse passo. Assim o considera Pedro Pereira, da SETsa.


“Antes de as empresas apostarem no desenvolvimento dos seus próprios produtos, existe todo um trabalho de desenvolvimento organizacional que antecede essa aventura”, adverte. É que, sublinha, “a grande maioria das empresas que fazem parte da indústria portuguesa de moldes tem a sua atividade focada no processo de industrialização, o que significa que em termos de competências, conhecimento e até mesmo de dimensão, (estas empresas) não estão suficientemente estruturadas para apostarem no desenvolvimento dos seus próprios produtos”.


Apontando como exemplo o Grupo IBEROMOLDES, a que pertence, Pedro Pereira sublinha que “apostar no desenvolvimento de produtos próprios obriga a um grande esforço em termos de recursos humanos e financeiros, capazes de garantir uma vigilância e monitorização do mercado, que nos dias de hoje terá de ser considerado o mercado global, pois na maioria dos produtos, só o fator escala consegue garantir a sua própria sustentabilidade”.


Além disso, adianta, “participar num processo de desenvolvimento de produtos próprios, implica competir com grandes empresas, algumas das quais nossos clientes, que recorrem a sofisticados e complexos modelos alicerçados em técnicas de Inteligência Artificial, quer para fazer a monitorização do mercado, quer para fazer a própria idealização do produto”. Por isso, considerando que “algumas das empresas de moldes poderão ter condições para enveredar por este caminho”, defende que “a grande maioria, ao invés de se aventurar por esta estratégia, poderá alternativamente fazer uma verticalização da sua atividade como forma de ganhar competências e conhecimento do mercado”.


Uma vez mais, refere como exemplo a IBEROMOLDES que, em 1989, decidiu criar a empresa SETsa, cuja grande missão, acentua, “passaria por dar suporte aos clientes nos processos a montante da industrialização, passando a ter um foco especial ao nível do desenvolvimento de produto, engenharia e prototipagem”. “Passados mais de 30 anos, o Grupo, por intermédio da SETsa, participa ativamente em processos de desenvolvimento de produto com grandes empresas multinacionais, com as quais estão estabelecidas verdadeiras parcerias de cooperação”, conta.


No entender de Pedro Pereira, “a cadeia de valor onde se inserem as empresas de moldes é muito extensa, indo desde a ideia à produção, passando pelo desenvolvimento de produto, engenharia, prototipagem e industrialização”.


A maioria das empresas que integram a indústria portuguesa de moldes, considera, “apenas tem participação numa pequena franja da cadeia de valor, fundamentalmente no que respeita ao processo de industrialização, onde a maioria das empresas de moldes estão especializadas no desenvolvimento e fabrico de moldes para injeção de plásticos”. Salienta ainda que “dependendo do atual posicionamento das empresas e do que cada uma ambiciona para o futuro, será necessário avaliar qual o caminho mais apropriado para a estratégia definida – por exemplo, se se vai optar por uma extensão da atividade da empresa ao longo da cadeia de valor, ou ao invés, se se vai especializar a empresa em determinados nichos de mercado”.


Por outro lado, destaca, “cada vez mais, os clientes procuram soluções completas e integradas, pois é a forma mais eficaz de mitigar e controlar o risco associado aos processos de criação e lançamento de novos produtos no mercado. Por isso, neste momento eu até diria que é o próprio mercado que está a ‘empurrar’ as empresas para essa evolução”.


A IBEROMOLDES, conta, “desde muito cedo se deparou com esta situação, tendo sido desde logo adotado o modelo da especialização como forma de sustentar e alavancar o desenvolvimento e crescimento da empresa como um Grupo empresarial”. A solução passou “pela verticalização” de toda a atividade num grupo de empresas, cuja visão “passava por abarcar toda a cadeia de valor, não se restringindo apenas a fabricar moldes para injeção de plásticos”. “Assim, desde a sua génese que a IBEROMOLDES tinha como missão oferecer uma resposta completa, e simultaneamente integrada, ao mercado”, conta.


Para Pedro Pereira, “este é o verdadeiro processo de mudança”, uma vez que prepara a empresa para o futuro, tendo em conta a sua sobrevivência e sustentabilidade. Como resultado deste processo de desenvolvimento organizacional, adianta ainda, o Grupo IBEROMOLDES tem, atualmente, 10 empresas com especializações diversas, mas simultaneamente complementares, que permitem fazer jus ao mote que desde sempre ficou associado à empresa: ‘Desde a Ideia ao Produto Final, Soluções Completas e Integradas’.


É através da SETsa que o Grupo “participa ativamente em processos de desenvolvimento de produto com grandes empresas multinacionais”, explica. Estas parcerias, algumas das quais com mais de 30 anos, “são o resultado da aposta na integração de competências que consubstanciam a oferta integrada do Grupo”, salienta.


Ou seja, “sem ter um produto próprio, a IBEROMOLDES implementou uma estratégia de diversificação e desenvolvimento de competências dos seus colaboradores, com o objetivo de capacitar a SETsa de conhecimento e processos que permitem, nos dias de hoje, participar ativamente nos processos de desenvolvimento de produto dos nossos clientes”. Por isso, considera que “ter a capacidade de estabelecer parcerias, cujo fator confiança é determinante, alicerçadas num modelo de trabalho colaborativo com as unidades de Inovação dos nossos clientes é determinante para o sucesso”.


E neste processo, o papel da escola é, para Pedro Pereira, fulcral. “As escolas assumem um papel fundamental, pois na base de um processo de desenvolvimento de produto e engenharia, o conhecimento e competências são um dos pilares fundamentais. Em termos da atividade de investigação, a par com a formação, esta é fundamental, pois é uma excelente plataforma de desenvolvimento de conhecimento e competências, bem como, um excelente veículo para promover o networking, a base para o estabelecimento de parcerias de cooperação”.


Volta a usar o Grupo como exemplo, referindo que formalmente desde 1997, este já participou ativamente em mais de 40 projetos de Investigação e Desenvolvimento, em colaboração com mais de quatro dezenas de entidades do Sistema Científico Nacional e Internacional (Universidades e Centros Tecnológicos).


“Este processo é algo que não é imediato, pois é o resultado de um investimento contínuo na formação e capacitação de pessoas. Não é algo que possamos ir ‘ao supermercado’ e comprar”, adverte, aconselhando as empresas a, antes de pensar em recrutar pessoas com competências diferenciadas, perceberem “se a organização está preparada para fazer essa evolução, pois a par com as competências das pessoas, será de extrema importância ter a cultura da empresa orientada para essa evolução”.