
Jornada Tecnológica DIH4Global Automotive: Conectar a Indústria e a Inovação
O projeto DIH4Global Automotive, em parceria com a Cefamol, v (...)
16 Outubro 2025
29 Setembro 2021
Sistematizar procedimentos aproveitando as potencialidades que as tecnologias oferecem, de forma a obter ganhos de produtividade. Joel Rodrigues, da SM3D, defende que a standardização é a resposta para tornar as empresas mais competitivas.
No caso da sua empresa, que desenvolve ferramentas em grafite para a indústria, esse foi o caminho que trilhou, considerando ter, neste momento, “um processo minimamente implementado em relação à standardização”. E, nestes 24 anos que a empresa leva de atividade, não se cansa de defender a necessidade de criar, para a indústria, uma ‘linguagem’ comum e transversal, que permita uma comunicação eficaz.
Exemplifica: “devia existir uma uniformização logo na migração de informação que vai de uns sectores para os outros ou até de firmas para firmas”. E esta devia ser uma “variável identificável”, que permitisse que “todos falassem a mesma linguagem, de forma a facilitar os processos e a evitar os erros”.
Concretiza ainda melhor a sua ideia, contando que ao longo da sua atividade, “recebemos serviços das mais variadas empresas e tivemos, praticamente, de criar um tradutor para interpretar essa informação que é toda diferente, e transformá-la, de forma a conseguir manter um só método de produção na nossa empresa”. É que, defende, a criação desse método foi o que permitiu à sua empresa crescer. “Permite-nos trabalhar de forma rigorosa e automática. Ou seja, a Indústria 4.0 já é fisicamente visível no nosso chão de fábrica: temos tudo digitalizado”. Ter de interpretar cada informação que chega acaba por revelar-se “perda de tempo”.
Competitividade
O problema, considera, “é que ao longo dos anos, as empresas foram crescendo, foram adquirindo alguns sistemas e foram adaptando as suas maneiras de trabalhar e criaram os seus métodos próprios”. E, apesar de defender que “cada empresa deve fazer o que achar melhor, mais rentável e mais viável”, salienta que, por vezes, é preciso pedir trabalhos fora ou fazê-los para outras empresas. “E essa necessidade de se adaptar ao método do parceiro custa dinheiro e seria desnecessário se a indústria usasse uma linguagem que fosse mais universal”, explica.
Sendo certo que as empresas são constituídas por diferentes máquinas e linguagens, aquilo que preconiza é “um caminho que todos tentássemos percorrer, sem desvios muito acentuados”. Exemplifica que, no caso das aplicações para as células de produção, essa questão está a ser levada em conta pelos fornecedores. “Se não o fizessem, teriam de desenvolver um software à medida de cada empresa, o que seria inviável”, afirma.
Se esta ‘linguagem’ fosse adotada, o sector poderia, no seu entender, ser mais competitivo. E com isso, evitar-se-iam também os vários ritmos a que caminha a indústria. Como exemplo do efeito da linguagem uniforme, explica que na sua empresa, já está instalada a robotização de toda a produção. “Com um ‘clic’ do QR Code da peça, pode fazer-se todo o processo sem intervenção humana”, esclarece.
Melhoria
Foi em 2008 que, conta, começou o processo de automação da empresa. Foi nesse momento que “nos apercebemos do primeiro problema: a necessidade de criar uma interação entre os vários departamentos, softwares, robots”. Mas o mercado não tinha, então, soluções para responder a isso. “Nada do que existia dava resposta ao conceito que tínhamos”, adianta, relatando que foi necessário esperar até 2012, até que houvesse tecnologia capaz de permitir criar essa interação entre máquinas, robots e aplicação de software.
A partir daí, salienta, o processo de standardização caminhou mais célere. “Gastámos e despendemos recursos financeiros e humanos para conseguir automatizar e chegar onde estamos hoje. Temos dois pavilhões com células produtivas”, conta, sublinhando que “ainda não está a 100% porque este é um processo que está sempre a ser melhorado”.
Foi dada também resposta a uma dificuldade que sentiam, que se prendia com a qualidade da matéria-prima. Hoje, a empresa é representante de uma marca certificada de grafite. Com esta forma automatizada de trabalhar, adianta, “mais do que triplicámos a produção”. O método permitiu ganhos de tempo, mas também de qualidade.
Para garantir a eficácia, conta, foi necessário criar a figura do gestor de métodos e processos, que analisa a implementação das ideias e verifica o processo diariamente, percebendo as fragilidades e os pontos fortes. “É o fiel da balança para que as coisas funcionem e tem sido a chave para as tomadas de decisão”, acrescenta.