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Inteligência Artificial

MD MOLDES: «Os algoritmos de IA vão permitir a tomada de decisões com mais assertividade»

06 Junho 2024

A IA terá um papel cada vez mais relevante na indústria de moldes. Mas, para já, os avanços na fabricação são, sobretudo, na área da automação e nos processos automatizados. Ou, como considera Joaquim Laúdo, diretor de operações da MD Moldes, “a indústria 4.0 consolidada nas suas diversas vertentes”.


Joaquim Laúdo dá como exemplo que, no dia a dia, “temos rotinas instaladas (na fabricação) que podem ser consideradas como a base de partida para IA. No entanto, é necessário muito mais para que a IA obtenha um reconhecimento da informação e possa dar lugar a tomadas de decisões automáticas e assertivas.’’ No caso das áreas de suporte ao processo de fabrico, como o planeamento, a gestão e a cibersegurança, entre outras, “já podemos considerar que a implementação da IA está de facto bem mais avançada”. Isto é, as várias áreas de produção vão-se encaminhando para a uniformização, tendo como meta a IA.


Foto: Joaquim Laúdo


O caso do planeamento, exemplifica, “será, talvez, aquele onde podemos considerar que existe a implementação da IA mais avançada: tendo como base a IOT - Internet das Coisas, onde existindo uma base de dados, os algoritmos dão-nos algumas pré-decisões que orientam e direcionam para a tomadas de decisão com muito menos margem de erro”. Através do reconhecimento de padrões e correndo num sistema integrado que abarca, desde a área das compras à produção - base de dados que está a ser construída todos os dias na empresa – será, no futuro, a verdadeira IA, salienta.


Na MD Moldes, como na grande maioria das empresas do sector, considera ainda que a tomada de decisão está nas mãos do ser humano. “O futuro é que essa decisão venha a aproximar-se de uma autonomia total, mas para isso é preciso que exista um desenvolvimento mais profundo das tecnologias de apoio”, tais como, o sistema de software integrado (ERP), os softwares e as tecnologias que auxiliam na gestão e automatização de um conjunto de processos na empresa.


Quando se centra na área da programação, considera que “aquilo que temos hoje são rotinas, baseadas em aprendizagem”. Nesta secção, já existe muita automatização, mas a figura do programador mantém-se essencial. “Existem rotinas criadas para que esse processo seja o mais automatizado possível e na área em que somos especializados (automotive lighting) existe uma grande diversidade de ‘formas óticas’, o que nos permite avançar numa automatização parcial”, explica. Sendo uma área tão especializada, é necessário que o programador tenha um papel bastante interventivo.


No entanto, nesta questão, esclarece que a empresa vai dando passos em função dos desenvolvimentos tecnológicos e da sua consolidação para avançar com a integração da IA. Por enquanto, no seu entender, “a IA está num estado embrionário”, em que as tecnologias de ponta na área que permitem a sua potencialização já estão a ser usadas na empresa.



INTEGRAÇÃO

Pedro Jorge, IT Manager da MD Moldes, confirma isso mesmo, contando que “temos realizado alguns projetos nesse sentido”. Um dos principais foi “a interligação de todo o parque de equipamentos, com a obtenção de sinais ou valores provenientes das máquinas, ou na interação direta ao controlador das mesmas”. Esta rede de IoT (Internet das Coisas) é hoje “parte integrante do nosso sistema de planeamento e umas das principais fontes de dados”, refere.


Um outro projeto que usa como exemplo é a criação de uma linha robotizada para todos o processo de erosão de elétrodos. “Todas as máquinas falam entre si, coordenadas por um equipamento central. Este interliga com o nosso sistema de planeamento, tornando esta célula de trabalho completamente automatizada desde a entrada dos programas até à saída dos elétrodos, respetivos registos de controlo de tarefas de planeamento e registos de imputação de tempos”, explica. Pedro Jorge revela ainda que, para o futuro, a empresa pretende “continuar a agregar mais equipamentos (ou mais dados dos já existentes) à rede de IoT, pois são eles a fonte para obtermos mais informação passível de análise e convertendo-a em conhecimento útil que poderá depois ser utilizada em tomadas de decisão automatizadas por IA”.


Foto: Pedro Jorge


A MD Moldes, refere ainda, “realizou um forte investimento na implementação de um sistema de planeamento automático, no qual digitalizámos e automatizámos alguns processos de decisão, incorporando variáveis e parâmetros outrora utilizados de forma empírica, que, em conjunto com um algoritmo customizado, permite a criação da organização automática da carga de trabalho, com uma distribuição de carga equilibrada e com foco no cumprimento de prazos”. Este projeto, considera, “incide sobre a área principal da fábrica e, como tal, tem um impacto enorme na produção, pois o planeamento acaba por interagir de forma direta ou indireta com todas as áreas”.


Pedro Jorge conta também que, no futuro, a empresa pretende “incorporar mecanismos de IA e machine learning nesta ferramenta que, através da aprendizagem de planeamentos anteriores - tidos como bons exemplos - possa identificar padrões e correlações e, dessa forma, elevar o nível de otimização, permitindo uma melhor gestão e aproveitamento dos recursos existentes, e uma ajuda na obtenção de prazos mais reduzidos. Eventualmente, com esta nova abordagem surgirá também a oportunidade de podermos trazer para as decisões de planeamento outras variáveis, tais como o desempenho energético da fábrica e a performance de determinadas máquinas e ferramentas”.



QUALIDADE

Joaquim Laúdo defende que, cada vez mais, a qualidade da produção está muito dependente do trabalho que é realizado a montante: projeto, planeamento ou programação, etc. De uma maneira geral, no seu entender, a forma como a empresa funciona atualmente pode considerar-se um “processo automatizado”. É por isso que acredita ter na empresa a Indústria 4.0 consolidada, começando, agora, a dar passos na 5.0. E esta, resume, “será a aplicação da IA”.


Esta automatização que a empresa tem consolidada, refere ainda, traz, já, várias vantagens, a nível de eficiência e qualidade, mas, salienta, “os algoritmos de IA vão permitir a tomada de decisões com mais assertividade, comparadas com as humanas”.


Defende ainda a presença humana no processo, no sentido de averiguar algumas das etapas. E estabelece, como exemplo do que diz, um paralelo com o que acontece com o projeto de molde: “Nos últimos anos, esta área manteve os mesmos processos de trabalho, uma vez que é o desenhador-projetista que tem de tomar as decisões sobre os projetos”, afirma, considerando que, no que diz respeito à IA, “irá passar-se por uma situação semelhante”. Ou seja, o processo de autonomia da máquina levará “algum tempo até vir a acontecer”.