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Tecnologia & Inovação

Para Portugal, o céu é o limite. Será?

15 Julho 2024

Portugal tem estado cada vez mais na mira do investimento para sectores como a aeronáutica, o espaço e a defesa, não apenas pela sua localização privilegiada, estando próximo de grandes hubs aeroespaciais, como também pela excelente capacidade de investigação e de formação dos seus profissionais (Portugal tem uma das maiores taxas de engenheiros da União Europeia, conferindo-lhe notoriedade internacional).


De acordo com a AED Cluster Portugal, o cluster da aeronáutica, espaço e defesa alcançou um volume de negócios de 1.72 mil milhões de euros e envolve mais de 140 stakeholders que combinam conhecimentos e competências no design, conceção e produção de ferramentas, componentes e moldes, assim como a disponibilização de tecnologia, equipamentos e serviços. Cerca de 90 % da produção nacional destina-se a mercados estrangeiros e a clientes como a Airbus, a Boeing, a Dassault, a Embraer, a Leonardo e Lockheed Martin.



«Don't tell me the sky's the limit when there are footprints on the moon»*

A conquista do espaço há muito que deixou de ser exclusiva de superpotências, por motivos geopolíticos e de segurança. O conceito de New Space está tornar-se preponderante e refere-se à utilização comercial do espaço. Ricardo Conde, presidente da Agência Espacial Portuguesa, dá conta de que o espaço enquanto negócio contempla a disponibilização de serviços de telecomunicações, a observação terrestre com uma resolução temporal e espacial muito elevada, entre outras, e que o investimento nacional neste sector ascendeu aos 135 milhões de euros em 2023.


Embora o sector espacial se alicerce em cooperação e a participação portuguesa continuar a ter o seu papel em missões internacionais, Ricardo Conde defende que é necessário manter uma componente nacional e, neste caso, a reentrada de cápsulas é uma oportunidade para o país, focando o Centro Tecnológico Espacial em Santa Maria (Açores) como o centro de missões de reentrada da Europa.


*citação do autor Paul Brandt



Isto não é (só) rocket science!

Ao longo dos anos, o espaço tem assumido uma preponderância cada vez maior e mais transversal, beneficiando outras indústrias como a logística e supply chain, a alimentar, a defesa, os bens de consumo e as telecomunicações. Um relatório do World Economic Forum prevê que estes cinco sectores gerarão mais de 60 % do crescimento da economia espacial até 2035.


Para além da geração de receitas, o espaço desempenhará um papel cada vez mais crucial na atenuação dos desafios mundiais, desde alertas de catástrofes e monitorização do clima, à melhoria da resposta humanitária e uma prosperidade mais alargada. Contudo, a colaboração entre os atores públicos e privados será fundamental para garantir que as capacidades espaciais atinjam este potencial.




Este texto foi redigido com base nas informações presentes na revista Aeronautics, Space and Defence: The sky may not be the limit, da AICEP (junho 2024) e no relatório Space: The $1.8 Trillion Opportunity for Global Economic Growth, do World Economic Forum (abril 2024).