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11 Setembro 2025
04 Setembro 2025
Muitas pequenas e médias empresas sentem que estão a perder o comboio da Inteligência Artificial (IA). A pressão é real: fala-se em transformação digital em todas as conferências, consultores garantem que “quem não adotar vai ficar para trás” e os grandes players já comunicam projetos-piloto com entusiasmo. Mas será mesmo assim?
Na verdade, a maioria das empresas industriais ainda não passou do discurso à prática. Fala-se muito, mas implementa-se pouco. E não se trata apenas de falta de investimento: existe também resistência, cautela e, em alguns casos, um saudável ceticismo. E talvez isso não seja uma fraqueza. Pode até ser uma vantagem.
Afinal, muitos dos projetos de IA lançados nos últimos anos falharam em entregar resultados concretos. Não por falta de tecnologia, mas porque foram implementados sem estratégia clara, sem dados preparados e, sobretudo, sem envolvimento das pessoas que deviam usá-los. A corrida cega para a “transformação digital” gerou mais frustração do que inovação.
Onde a IA pode realmente fazer a diferença
Apesar da saturação de discursos, é inegável que a IA tem potencial para resolver problemas muito concretos na indústria. Alguns exemplos:
Manutenção preditiva: prever falhas em máquinas antes de acontecerem, reduzindo paragens inesperadas e prolongando a vida útil dos equipamentos.
Planeamento de produção: algoritmos que ajudam a organizar recursos, horários e fluxos de trabalho, aumentando a eficiência.
Gestão de procura: ajustar níveis de stock a mercados instáveis, evitando tanto excessos como ruturas.
Controlo de qualidade: sistemas de visão que identificam defeitos em tempo real, evitando desperdício e recalls dispendiosos.
O valor está em usar IA para atacar dores reais, não em acumular “provas de conceito” que nunca chegam ao chão-de-fábrica.
O verdadeiro desafio: cultura e dados
O problema não está apenas em adotar tecnologia, mas em preparar terreno. Sem dados de qualidade e acessíveis, os algoritmos não funcionam. Sem o compromisso da gestão e sem a aceitação dos colaboradores, qualquer sistema é visto como ameaça e rapidamente abandonado.
Por isso, começar pequeno continua a ser a abordagem mais inteligente: escolher um caso de uso relevante, lançar um piloto controlado, medir resultados e só depois escalar. Assim constrói-se confiança e, passo a passo, cria-se uma cultura em que a IA é vista como aliada, não como moda ou inimiga.
Então, estamos atrasados?
Não. Quem ainda não avançou tem hoje a oportunidade de aprender com os erros dos primeiros. Em vez de replicar falhanços, pode observar, adaptar e investir de forma mais estratégica.
A IA não é uma corrida contra o tempo, mas sim uma jornada de maturidade. O risco maior não está em “chegar tarde”, mas em avançar cedo demais, sem preparação.
Este texto é uma adaptação do original AI in Manufacturing: A Practical Guide for Getting Started