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Tecnologia & Inovação

A produção flexível no Tooling

05 Março 2021

Desde a revolução industrial no século XVIII que as técnicas de produção têm evoluído continuamente para responder aos desafios e necessidades dos mercados e para a maximização dos lucros das empresas produtoras. Desde essa altura o mundo assistiu a várias mudanças nos paradigmas produtivos, dinamizadas pela evolução dos mercados, das sociedades e das necessidades dos consumidores, e atendendo aos recursos disponíveis. No início do século XX criaram-se fábricas de grande dimensão, que produziam em massa e a baixo custo para satisfazer as necessidades dos consumidores que, entretanto, começaram a ganhar poder de compra. Por esta altura, Frederic Taylor, engenheiro norteamericano e conhecido como o pai da administração científica, iniciou um processo de racionalização e controlo do tempo e do espaço na fábrica tendo como objetivo maximizar a produção e o lucro. Anos mais tarde, Henry Ford industrial de renome do sector automóvel aperfeiçoou as ideias de Taylor e criou o paradigma da produção em linhas de montagem. Estas eram linhas de produção especializadas, onde os operários realizavam operações mecanizadas e com algum grau de perícia, mas acima de tudo envolviam tarefas repetitivas e semiautomáticas. Com esta filosofia de trabalho Ford criou e estabeleceu novos métodos de trabalho na produção, os quais permitiram uma diminuição radical do tempo não produtivo e do tempo de produção. O exemplo de aplicação mais conhecido desta filosofia foi na produção do modelo T da Ford, que permitiu a rápida produção de milhões de veículos e levou à democratização do automóvel. Esta filosofia vingou até aos anos 70 do século passado, onde o modelo de gestão industrial orientava para a produção em massa, suportando-se na mão de obra intensiva disponível até então, tendo sido explorada sobretudo pelos fabricantes europeus e norte-americanos. Nesta altura o aumento do preço do petróleo e consequentemente dos preços da energia, e as políticas sociais muito protetoras dos direitos dos trabalhadores e do estado social, conduziram ao aumento considerável dos custos do trabalho nos países desenvolvidos, o que obrigou a que muitas das empresas se deslocalizassem para áreas geográficas com mão de obra mais barata. As mudanças promovidas pelas novas filosofias apelam à externalização de parte da produção. A produção anteriormente realizada no interior de uma empresa passa para agentes externos, reduzindo ou eliminando os stocks de produtos na empresa. As empresas passam a produzir em pequenos lotes de produtos variados e somente os necessários e de acordo com a procura, sendo que a encomenda apenas é entregue na hora, segundo o conceito de “Just in time”. Também, o aumento do ritmo da evolução tecnológica (tornando-a cada vez mais acessível às empresas), o aumento do treino e da formação das pessoas, assim como o aumento das suas aspirações, tornaram o contexto industrial tão dinâmico que as empresas que conseguem aproveitar a criatividade e a iniciativa de grande parte da sua força de trabalho têm uma vantagem sobre aquelas que só contam com a contribuição de seus especialistas e gestores. Nos sectores industriais onde se observam mudanças tecnológicas relativamente amplas e rápidas, as empresas devem adotar um tipo de organização mais flexível e inovador para atingir a excelência na produção; deverão ser capazes de diversificar e adequar frequentemente os seus modelos de fabrico e inovar nos produtos, acautelando as perdas de produtividade. Só assim é que poderão responder mais rapidamente a uma procura que se caracteriza por uma grande diversidade e pela customização em massa. Os novos modelos despertaram soluções como a “produção de pequenos lotes” ou a “produção por encomenda” e com isto novos modelos de gestão, como por exemplo os Sistemas de Produção Flexível (Flexible Manufacturing Systems – FMS). Estes são orientados para adaptar os produtos às exigências dos clientes recorrendo a mão-de-obra qualificada e a uma organização de trabalho baseado na descentralização e na participação, daí também poderem ser chamados de “sistemas antropocêntricos de produção”. A produção flexível assume diferentes abordagens. Uma das abordagens versa a capacidade de produzir novos tipos de produtos e de poder alterar a ordem de execução de cada uma das operações para responder a essa nova produção. Outra abordagem assenta na capacidade de um sistema de produção lidar com alterações do volume de produção, isto é, de reorientar a produção ou cada uma das suas tarefas para diferentes máquinas para utilizar toda a capacidade disponível e desta forma responder a variações significativas no volume de produção. Aqui são utilizados os mesmos equipamentos para diferentes operações, tendo por base a sua disponibilidade e tirando partido da sua versatilidade. As empresas fabricantes de moldes assumem que um molde é um produto único e a sua produção assenta numa filosofia de “one-of-a-kind production”. A produção de um molde é por princípio uma produção por encomenda, e é orientada segundo os requisitos e as especificações do cliente. As operações de fabrico de um molde estão tipificadas, e todas as peças fabricadas numa empresa necessitam de operações de desbaste, de furação, de acabamento, de retificação, e de montagem do conjunto. Apesar disto, o layout fabril assume diferentes tipos de organização de empresa para empresa. Algumas empresas apresentam um layout com distribuição de equipamentos de utilização fixa ou especializada em determinados tipos de operação, enquanto outras organizam os seus equipamentos para criar uma utilização versátil. A evolução da tipologia das células de fabrico no tooling CONTINUAR A LER >>> Texto: António Baptista e Ricardo Freitas | CENTIMFEPublicação: Revista MOLDE, 121 (abril, 2019)