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Ganhar eficiência. É a ambição de qualquer empresa quando decide equipar-se com novas tecnologias. No entanto, nesta matéria, “é preciso definir bem os requisitos que queremos da tecnologia”. A advertência é de Hugo Rosa, da Moldes RP.
A empresa, conta, tem uma célula de produção há cerca de dez anos. E retirar o benefício deste equipamento, como de outros, “só é possível tendo a produção e o projeto sempre interligados”. Sem essa ligação, considera, “as células perdem alguma eficiência: o ‘antes’ é bastante importante. As coisas têm de ser pensadas, de forma a serem direcionadas à célula e à automação”.
Hélder Cordeiro, também da Moldes RP, concorda. No seu entender, a aposta em células de fabrico “obriga a empresa a pensar o planeamento de uma forma diferente”.
Como exemplo, explica que, na célula é possível aumentar o tempo de produção, reduzindo o número de horas de colaboradores. “Mas para conseguir isto, todo o processo tem de ser bem preparado antes de implementado”, salienta.
“Não há algoritmos, nem inteligência artificial. Quem pensa o nosso processo são as pessoas”, acrescenta Hugo Rosa, adiantando que, noutras empresas, a questão da Inteligência Artificial já começa a ser ponderada. Mas no caso da sua empresa, ainda não. Por isso, salienta, é muito importante o departamento de planeamento.
A célula que a empresa tem instalada, conta, consegue fazer, em simultâneo, seis tarefas diferentes, que não necessitam de operadores. Há, pois, um decréscimo de pessoas neste processo. No entanto, adverte Hugo Rosa, isso não significa que exista uma redução no número de postos de trabalho. “Nas tarefas menos técnicas, sim, há redução, mas noutras é necessário um acréscimo porque a preparação até chegar à célula é mais exigente do que o processo tradicional”, explica.
É que, salienta, “o trabalho nas células tem de ser fiável. Os erros devem ser previstos, senão interrompe-se a cadeia com custos muito elevados”. Ou seja, o papel das pessoas é fundamental para acautelar essa situação: “são elas quem desenvolve, com precisão o trabalho destinado às máquinas”. E quando este processo está afinado, asseguram os dois técnicos da empresa, “isso traduz-se em ganhos de tempo e produtividade”.
Automação
Dedicado à área de produção dos moldes, Hugo Rosa conta que, aí, já existem alguns robôs, seja na célula de produção, seja equipando outras máquinas. Hélder Cordeiro explica que na área da injeção, para além da robotização, esse processo aposta também em alguma Inteligência Artificial, exemplificando com os “sistemas de visão artificial para fazer o controlo das peças”.
Para ambos, o futuro do sector faz-se com a continuação da aposta na automação e na robotização. “O caminho na área dos moldes, a nível da produção, passa sempre pelas células e automatização. Contudo, é importante a empresa ter alguns suportes que não estejam integrados neste sistema, mas apenas para alguns ajustes e afinações necessários”, defende Hélder Cordeiro, considerando que, no fundo, trata-se de “aproximar a produção de moldes a uma produção em série, mas que nunca o poderá ser porque cada molde é um molde”.
A aposta é, por isso, otimizar processos. “Cada molde é um molde, mas há processos que são iguais e esses podem ser otimizados”, acrescenta Hugo Rosa, adiantando que a forma como as empresas veem e adotam hoje as células é um processo, no seu entender, “semelhante ao que foi, no passado, a chegada dos centros de maquinação mais convencionais”.
A vulgarização (ou não) das células passará, por isso, pela estratégia de cada empresa, considera. “O valor dos equipamentos pesará nesta decisão, porque o investimento não é baixo e a rentabilização não é imediata”, admite Hugo Rosa.
Hélder Cordeiro, por seu turno, defende que “a rentabilização deste tipo de equipamentos obriga a reformular o ‘mindset’ da empresa porque esta mudança mexe com a estrutura produtiva e com todos os departamentos”. Acentua ainda que “se uma empresa tiver muita variabilidade ao nível dos moldes que produz, é mais difícil conseguir o retorno do investimento”. Ou seja, conclui, “quanto maior a especialização de uma empresa num determinado tipo de moldes, mais fácil será atingir esse retorno e rentabilizar os equipamentos e as células”.
Foto: Moldes RP